A origem semântica
da palavra caricatura vem do italiano ‘caricare’, cujo
significado é carregar, exagerar, o que na caricatura corresponde a ridicularizar,
criticar, satirizar. Melo (2003, p. 167) considera duas definições
para caricatura: a caricatura propriamente dita, aquele desenho no qual
se reproduz à figura humana com traços exagerados; e a caricatura genérica.
A última, por sua vez, engloba a charge, o cartoon e o comic. Segundo
Melo (2003, p. 164) “A introdução da caricatura à imprensa
explica-se pela conjugação de dois fatores sócio-culturais: o
avanço tecnológico
dos processos de produção gráfica e a popularização do jornal
como veículo de comunicação coletiva”. Quando fala em avanço tecnológico,
Melo se refere à invenção do processo de litografia, que proporcionou
a reprodução de desenhos nas páginas dos jornais. Um dos
pioneiros na técnica foi o jornal francês La Caricature, que na
década
de 1830 publicou desenhos para complementar sua escrita verbal. Quanto
à popularização do jornal, Melo faz alusão à época em que o jornal
foi conquistando um maior público e aumentando sua tiragem. Mas
nesse contingente amplo havia grupos que não tinham acesso a níveis
superiores de educação. Assim, o desenho das caricaturas era para eles
um grande atrativo. Voltando à definição
de Melo (2003, p. 167), ele afirma que a finalidade
da caricatura é suscitar risos, ironia. Lima, no entanto, não considera
a caricatura como um desenho do ridículo, cujo fim é incitar o riso.
Para ele, a caricatura é uma arte autêntica, uma arte de
caracterizar, que
pode levar ao riso ou ao rancor, à alegria ou à tristeza. Para concluir
esse
conciso estudo sobre as caricaturas, citamos Lago, cujo trecho, pela amplitude
da definição, dispensa comentários:
A
missão dos caricaturistas é alguma coisa de mais alto
e
decisivo do que refletir aspectos ridículos ou obter as-
sombrosas
semelhanças fisionômicas com a maior graça
e
simplificação possíveis [...] isso não seria bastante para
a
verdadeira importância da caricatura. Arte, isso, tão sutil
e
objetiva, reflete os momentos contemporâneos com
uma
exatidão, com um instinto heróico e uma consciência
instintiva
da vida futura que, a seu lado, qualquer das
belas-artes
se amesquinham, e a literatura se confessa
envergonhada
de seus artifícios retóricos (Lago apud
Lima,
1963, p. 15).
Neide Aparecida Arruda de Oliveira
Lara Monique O. Almeida
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