Jornalismo Opinativo---Luiz Beltrão


 
JORNALISMO OPINATIVO
Os textos desse gênero têm a função de difundir opiniões. Têm objetivo persuasivo.
 
TEXTOS DO GÊNERO OPINATIVO
 
Editorial
Artigo
Crônica
Opinião ilustrada
Opinião

(Fonte: BELTRÃO, Luiz. Jornalismo Opinativo. Porto Alegre: Sulina, 1980.) 




Crônica


A crônica difere da notícia, e da reportagem porque, 
embora utilizando o jornal ou a revista como 
meio de comunicação, não tem por finalidade 
principal informar o destinatário, mas reflectir 
sobre o acontecido. Desta finalidade resulta que, 
neste tipo de texto, podemos ler a visão 
subjectiva do cronista sobre o universo narrado. 
Assim, o foco narrativo situa-se invariavelmente 
na 1ª pessoa. Poeta do quotidiano, como alguém 
chamou ao cronista dos nossos dias, apresenta 
um discurso que se move entre a reportagem 
e a literatura, entre o oral e o literário, entre 
a narração impessoal dos acontecimentos 
e a força da imaginação. Diálogo e monólogo; 
diálogo com o leitor, monólogo com o sujeito 
da enunciação. A subjectividade percorre todo 
o discurso. A crónica não morre depressa, como 
acontece com a notícia, mas morre, e aqui 
se afasta irremediavelmente do texto literário, 
embora se vista, por vezes, das suas roupagens, 
como a metáfora, a ambiguidade, a antítese, 
a conotação, etc. A sua estrutura assemelha-se 
à de um conto, apresentando uma introdução, 
um desenvolvimento e uma conclusão.



Exemplos: 


ardina.jpg (8551 bytes)Ardina                                                   
Aquele rapazinho que todas as tardes, ao fim da tarde, anda a vender jornais por entre carros que estão quase a parar, que estão quase a arrancar, na faixa central da Avenida, não repara que a morte lhe passa tangentes constantes. É decerto um rapazinho que ainda não conhece nada da morte, nem mesmo quer saber se ela existe. Sabe-se leve e rápido, sabe que tem bons reflexos. Por isso, arrisca. Ao menino e ao borracho, diz o povo... Mas eu lembro-me, sempre que o vejo, sempre que por uma ou por outra razão subo a Avenida dentro de um dos traçadores de tangentes (não quero pensar em secantes), de um conto que li em tempos, porque ai esta nossa cultura livresca... Não sabíamos nada, ainda pouco sabemos, das pessoas vivas, de como elas vivem e lutam, mesmo só aqui, nesta nossa cidade, grande e confusa cabeça do corpo frágil que é Portugal, e vamos recordar um ardina de papel, um rapazinho pequeno encontrado há muitos anos num livro, brasileiro ainda por cima. Era também, salvo erro, um rapazinho numa cidade grande, um menino de periferia, do morro, talvez. Ao que me lembro vendia jornais e pendurava-se nos eléctricos para chegar mais depressa ou talvez por aventura, sim, creio que era por aventura, que o fazia. Até ao dia em que caiu e a aventura terminou. Recordo esse ardina dentro de um livro, ao olhar para este, dentro da vida, e a brincar - a brincar? - com a morte, ziguezagueando, por entre ela, enquanto apregoa os jornais da tarde.
Cuidado menino, estou quase a gritar. Mas nunca vou a tempo. Porque a luz está, de súbito, verde, e ele está, de súbito, longe. Dir-se-á que andam à mesma velocidade, ele e a luz.
Maria Judite Carvalho, O Homem do Arame (1979)


Fonte: (http://www.prof2000.pt) Acesso em 24/11/10


"Convivência"
                      por Paula Pereira
Pedro chega às 21:30hs em casa e diz:
-Tenho que estudar!
E põe seu material sobre a mesa.
-Pedro, quando terminar, recolha seus livros, pois a mesa nunca está organizada quando você está aqui, afirma Laís.
-Não tem problema, se eu não recolher, você recolhe pra mim.
-Você é muito folgado, faz um mês que você não limpa a casa no sábado e até para limpar uma mesa reclama. 
-Eu estava muito ocupado com os estudos, além do mais, tem quem cuide da casa quinta, sexta...
-E sábado também!
-Se você estiver incomodada, faça como eu, deixe a casa suja.
-Ah! Mas isso eu não farei nunca, não sou como você!
-Então me deixe! Só cumprirei minhas obrigações quando estiver de boa, ou seja, quando eu quiser...
-Não suporto suas atitudes!
Laís se levanta e vai para seu quarto chateada com a falta de compromisso com a residência por parte de seu colega Pedro. 




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